terça-feira, 2 de agosto de 2011

Oxigénio que se respira detectado pela primeira vez no espaço



O telescópio espacial Herschel confirmou pela primeira vez a existência de moléculas de oxigénio no espaço, as mesmas que os seres vivos utilizam para respirar. A substância foi detectada numa nuvem de poeira que também é um berço de estrelas, perto da constelação de Orion


O átomo de oxigénio é o terceiro elemento mais comum no universo, a seguir ao hidrogénio e ao hélio. As estimativas feitas pelos cientistas esperavam que existisse uma certa quantidade da versão molecular no espaço – o conhecido O2 é composto por dois átomos de oxigénio ligados e é essencial para vida na Terra, onde é produzido durante a fotossíntese das plantas. Mas no espaço, só se tinha encontrado oxigénio atómico e outras moléculas que tinham este elemento. 

“O oxigénio é um gás descoberto em 1770, mas levou-nos mais do que 230 anos para finalmente podermos dizer com certeza que esta molécula simples existe no espaço”, disse em comunicado o cientista Paul Goldsmith, responsável pelo projecto do telescópio de Herschel, do Laboratório de Jet Propulsion, Califórnia, EUA. A descoberta vai ser publicada na revista Astrophysical Journal.

A descoberta da molécula foi feita através de um detector de raios infra-vermelhos, do telescópio espacial, direccionado para as nuvens de gás que envolvem estrelas no inicio de vida. A luz das estrelas atravessa este gás e é lido pelo detector, se há oxigénio este é detectado em certos comprimentos de onda.

Mas apesar da descoberta, a quantidade encontrada foi de uma molécula de O2 por um milhão de moléculas de hidrogénio, dez vezes menos do que o que era esperado. Uma possibilidade avançada pelos especialistas é que os átomos de oxigénio congelam e transformam-se em pequenos grãos de pó que depois se convertem em água congelada. Este oxigénio deixa de ser detectado. 

Teoricamente, este pó gelado pode voltar a derreter e a evaporar, dando lugar a vapor de água que por sua vez pode originar de novo moléculas de oxigénio. Esta descoberta “explica onde é que parte do oxigénio está escondido”, disse Goldsmith. “Mas ainda não descobrimos grandes quantidades de oxigénio, e ainda não compreendemos o que é que tem de especial estas regiões. O universo ainda guarda muitos mistérios.”

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